Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ter saúde mental é viver em um estado de bem-estar no qual um indivíduo desenvolve as suas capacidades, lida com o estresse normal da vida, trabalha de forma produtiva e é capaz de contribuir para a sua comunidade.

Embora seja uma parte integral da nossa saúde e bem-estar, além de um direito básico, a saúde mental da população mundial anda frágil e comprometida. Em 2019, globalmente quase um bilhão de pessoas – incluindo 14% dos adolescentes – tinham algum transtorno mental. Com a pandemia de Covid-19 estes números aumentaram no mundo todo, mas não de maneira igual em todas as regiões, sexos e idades.

Transtornos mentais podem ser de diversos tipos, e aqueles relacionados com ansiedade, traumas e medo não são exclusivos de indivíduos vivendo situações extremas de violência, catástrofes naturais ou conflitos. Embora violência e abuso sejam fatores desencadeadores de várias manifestações, de maneira geral os níveis elevados de estresse no dia a dia somados a desafios individuais, tem levado a um número crescente de pessoas afetadas, em especial jovens.

Entre os transtornos, ansiedade e depressão são condições cada vez mais comuns e que impactam indivíduos com sintomas, pessoas do seu círculo próximo e tem repercussões econômicas, sociais e podem ser fatais.

O Brasil já era um recordista mundial em ansiedade em 2017, segundo a OMS. E o aumento gradual na incidência de ansiedade e depressão na população brasileira, que vinha ocorrendo entre 2013 e 2019 segundo o IBGE, foi potenciado pela pandemia de COVID-19.

Dados mais recentes do Covitel – Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia, que ouviu em 2022 indivíduos maiores de 18 anos, são ainda mais preocupantes. De maneira geral, mulheres e jovens tem se tornado mais vulneráveis e afetados por questões de saúde mental.

A prevalência de diagnóstico médico autorreferido de depressão é de cerca de 6% nos homens e 17% nas mulheres, enquanto quase 27% da população brasileira tem diagnóstico de ansiedade e aqueles entre 18 a 24 anos tem índices ainda maiores.

Contudo, não ter diagnóstico médico da doença mental não quer dizer ausência do transtorno nem de sintomas e desafios à saúde mental.

Ter saúde mental é criticamente importante para todos nós, mesmo aqueles que não vivem em situações extremas de estresse, e não é menos importante nem separada da saúde do corpo. A maioria das sociedades e a maioria dos sistemas sociais e de saúde negligenciam a saúde mental e o resultado é que milhões de pessoas em todo o mundo sofrem em silêncio e não recebem o acolhimento e tratamento que deveriam.

Como se não bastassem estes desafios, há preconceito e estigma em relação à doença mental e seus desafios, o que apenas contribui para a seriedade do cenário atual.

O tema da OMS para o dia de hoje é “A saúde mental é um direito humano universal” e enfatiza a necessidade de garantir que todos, independentemente da idade, classe socioeconómica ou origem, tenham acesso a cuidados e apoio de saúde mental de alta qualidade.

Enquanto pessoas com sintomas ou diagnóstico de doença mental devem receber ajuda profissional, todos nós podemos cultivar a nossa saúde mental.

Nos próximos posts sobre o tema vamos falar de abordagens e hábitos que podemos manter e que nos aproximam daquela condição definida como saúde mental na primeira frase desse post. Todos nós merecemos e podemos cuidar de nossa saúde de formas simples, acessíveis e validadas cientificamente como as que vamos abordar. É como dar um abracinho em nós mesmos.

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  • World mental health report: transforming mental health for all. Geneva: World Health Organization; 2022. License: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.
  • Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia – Covitel. Relatório final. Vital Strategies Brasil. 1ª ed. São Paulo. Vital Strategies 2022.

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