Produtos orgânicos são, por definição, cultivados sem adição de agrotóxicos.
Produtos orgânicos são, por definição, cultivados sem adição de defensivos agrícolas sintéticos. Este tipo de cultivo utiliza estratégias naturais como manejo de solo e rotação de cultivos para minimizar doenças e pestes. O aumento da resistência natural das plantas é uma estratégia promissora que vem sendo aprimorada. Contudo, é importante mencionar que existem defensivos orgânicos e inorgânicos (mas não sintéticos) ditos defensivos alternativos cujo uso é autorizado por órgãos certificadores.
Produtos de cultivos convencionais, não orgânicos, usam defensivos agrícolas sintéticos que podem ou não resultar em resíduos nos alimentos que chegam ao consumidor. Estes resíduos podem acumular também no solo. Contudo, a presença de resíduos de agrotóxicos nos alimentos consumidos depende de muitos fatores, como: tipo de alimento e suas características estruturais (ter casca, casca mais espessa ou permeável…), condições de cultivo e área, tipo de defensivos usados, entre outros.
Uma meta-análise publicada no British Journal of Nutrition avaliando dezenas de estudos encontrou, em média, 4 vezes mais resíduos de pesticidas em cultivos convencionais e concentrações maiores de cádmio, um metal tóxico. Outros estudos demonstram que cultivos convencionais apresentam, em média, 82% mais resíduos do que orgânicos.
Organizações governamentais e não-governamentais de vários países avaliam anualmente os alimentos cultivados de forma convencional em relação à contaminação, incluindo nesta análise muitas amostras de diferentes produtores e regiões nas quais se quantifica o percentual das amostras contaminadas com resíduos e os tipos de defensivos encontrados, além da quantidade.
No Brasil, o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em alimentos (PARA) da ANVISA, publica relatórios periódicos sobre o uso de agrotóxicos em alimentos de origem vegetal, incluindo aqueles que ultrapassaram o limite máximo de resíduo (LMR) estabelecido ou ainda alimentos com resíduos de agrotóxicos inadequados para o cultivo em questão. A partir do relatório de 2015, a ANVISA incluiu o potencial de risco agudo à saúde pelo consumo de determinado cultivo dos alimentos, mas ainda não é feita estimativa do efeito da exposição por consumo prolongado (crônico).
Orgânicos possuem mais nutrientes do que alimentos convencionais?
Muitos estudos científicos publicados nas últimas décadas, incluindo revisões sistemáticas, não encontraram diferenças consistentes ao comparar a composição de alimentos orgânicos e convencionais. Embora a ausência de diferenças seja inicialmente desconcertante para defensores da agricultura orgânica, ela por si não é definitiva e pode ser atribuída, pelo menos em parte, à qualidade dos estudos e heterogeneidade mencionada anteriormente. Além disso, revisões de muitos estudos tendem a agrupar os alimentos em grandes categorias e as variações individuais podem ficar minimizadas.
Uma meta-análise – o tipo de trabalho científico mais robusto – avaliou mais de 300 estudos e demonstrou que orgânicos possuem níveis maiores de vários antioxidantes do que alimentos convencionais. Orgânicos possuem quantidades aumentadas de muitos anti-oxidantes do tipo polifenol, como ácidos fenólicos (+19%), flavanonas (69%), estilbenos (28%), flavonas (26%), flavonols (50%) e antocianinas (51%). Os autores sugerem que cultivos sem agrotóxicos produzem mais substâncias anti-oxidantes para sua própria defesa contra fatores estressantes ambientais e pestes. Estes dados são apoiados por outros estudos e sugerem que a ausência de pesticidas no cultivo induz respostas que levam à produção de moléculas de defesa que podem ser benéficas também para consumo humano.
Este mesmo estudo de revisão também demonstrou que plantas orgânicas possuem concentração de proteínas e aminoácidos ligeiramente menor do que convencionais, o que pode ser decorrência do tipo de cultivo e uso de fertilizantes.
Outra revisão avaliou dezenas de trabalhos científicos e demonstrou que mais estudos encontraram maior quantidade de micronutrientes em alimentos orgânicos, embora também houvesse estudos com efeitos opostos. Em média, a quantidade de micronutrientes foi 5.9% maior em vegetais e 5,7% em legumes orgânicos do que os convencionais, mas não foi diferente em frutas. Os micronutrientes com aumentos significativos foram fósforo e vitamina C.
Principais pontos:
- orgânicos são cultivados sem o uso defensivos agrícolas sintéticos, com estratégias de manejo naturais e defensivos alternativos.
- alimentos convencionais usam defensivos agrícolas sintéticos que podem acumular nos alimentos.
- a ANVISA publica relatórios periódicos sobre o uso de agrotóxicos em alimentos.
- muitos estudos não encontram diferenças ao comparar a composição de macro e nicronutrienrtes de alimentos orgânicos e convencionais.
- estudos científicos demonstraram que, em média, orgânicos possuem quantidades maiores de polifenóis anti-oxidantes em relação a convencionais.
- este aumento inclui várias classes de variando de polifenóis e varia de 19% a 69% em relação a convencionais.
- alimentos convencionais apresentam maior quantidade de cádmio, um metal potencialmente tóxico, e tem 4 vezes mais chance de terem resíduos de pesticidas
Os outros posts desta série incluem:
#1 – o que são orgânicos
#3 – alimentos locais e o impacto do transporte nos nutrientes
#4 – efeitos na saúde
#5 – sustentabilidade econômica, social e ambiental
#6 – AS LISTAS
(a lista de referências bibliográficas e fontes de informação consultadas para elaboração desta série de posts vão aparecer no final do post #5)
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